Soluções Pré-Analíticas

Técnicas
de coleta

No âmbito da medicina laboratorial, a coleta adequada de amostras é fundamental para garantir resultados precisos e confiáveis. Existem, predominantemente, duas técnicas principais de coleta: aberta e fechada. De acordo com os guidelines reconhecidos internacionalmente, como os do Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI), a técnica de coleta fechada é amplamente recomendada. A escolha entre uma técnica e outra pode depender de vários fatores, incluindo o tipo de análise requerida, o ambiente de coleta e as preferências do profissional.

Coleta Aberta

Como o nome indica, esta técnica envolve a coleta de sangue diretamente em uma seringa usando uma agulha. Uma vez coletado, o sangue é então transferido manualmente para os tubos de coleta adequados. Embora a coleta aberta ofereça mais flexibilidade, especialmente em situações em que o acesso venoso é desafiador, ela apresenta um risco maior de exposição ao sangue e potencial contaminação, tornando essencial o uso de técnicas assépticas rigorosas.

Coleta Fechada

A coleta fechada, por outro lado, utiliza sistemas de coleta a vácuo. Estes são sistemas selados em que os tubos de coleta são pré-evacuados, permitindo que o sangue flua diretamente da veia do paciente para o tubo através de uma agulha. Esta técnica minimiza o risco de exposição ao sangue e contaminação, oferecendo uma abordagem mais segura. Além disso, o uso de sistemas a vácuo pode melhorar a qualidade da amostra, uma vez que a quantidade correta de sangue é coletada diretamente no tubo adequado.

A coleta fechada é geralmente considerada mais segura e eficiente, a coleta aberta pode ser preferida em situações específicas onde quantidades menores de sangue são necessárias. Independentemente da técnica escolhida, é crucial que os profissionais de saúde envolvidos sejam devidamente treinados e sigam protocolos rigorosos para garantir a segurança do paciente e a qualidade da amostra.

Em resumo, a seleção da técnica de coleta apropriada é uma decisão crítica que pode influenciar a qualidade da amostra e, consequentemente, a precisão dos resultados laboratoriais. Portanto, é essencial estar bem informado sobre as características e implicações de cada técnica.

A correta manipulação e transferência de sangue durante o processo de coleta são elementos fundamentais para assegurar a integridade das variáveis pré-analíticas. A adoção de práticas precisas nesse estágio é crucial não apenas para garantir resultados laboratoriais precisos, mas também para preservar a segurança dos profissionais envolvidos no processo.

Coleta aberta

O acesso venoso difícil frequentemente conduz à opção de coleta aberta, utilizando seringa e agulha. Este método apresenta potenciais erros pré-analíticos que podem comprometer a qualidade das amostras obtidas.

Além disso, o procedimento implica riscos para o profissional de saúde, devido à exposição ao sangue, perigos associados a acidentes com objetos perfurocortantes e à possível formação de aerossóis. A transferência manual dos tubos durante a coleta pode resultar em alterações na proporção de sangue para aditivo, favorecendo a formação de microcoágulos e em fibrina e hemólise, o que, por sua vez, impacta negativamente na integridade das amostras coletadas. Portanto, a abordagem para acesso venoso difícil requer cuidados específicos para minimizar erros e garantir resultados analíticos confiáveis.

A coleta através de acesso venoso difícil pode acarretar diversas consequências prejudiciais, incluindo a formação de coágulos e microcoágulos. Esses coágulos têm o potencial de obstruir as probes dos equipamentos utilizados no processo, comprometendo o funcionamento adequado desses dispositivos.

Além disso, a presença de coágulos e microcoágulos pode resultar em dados incorretos nos resultados das análises laboratoriais. No hemograma, observam-se alterações na contagem celular, tais como plaquetopenia, leucopenia e eritropenia, o que impacta diretamente na interpretação clínica.

Outro aspecto crítico refere-se aos testes de coagulação, como TP (Tempo de Protrombina) e TTPa (Tempo Parcial de Tromboplastina Ativada). A coleta inadequada de amostras pode levar a resultados imprecisos desses tempos de coagulação, potencialmente resultando em prescrições medicamentosas inadequadas. Assim, é crucial garantir a qualidade da coleta em acessos venosos difíceis para evitar complicações e assegurar a precisão dos resultados clínicos.

Consequências

1

Interferência na Dosagem

2

Risco Biológico e Acidente Perfurcortante.

3

Interferência Química pela Liberação de Conteúdos Eritrocitários.

4

Interferência Espectrofotométrica Dependente da Concentração de Hemoglobina.

5

Erro de proporção sangue vs aditivo

6

Formação de coágulos e microcoágulos

7

Obstrução da probe dos equipamentos

8

Resultados incorretos

9

Formação de filetes de fibrinas nos tubos com ativador de coágulos

A compreensão dessas consequências destaca a importância de seguir procedimentos rigorosos na transferência de sangue, reforçando a necessidade de aderir a protocolos específicos para preservar a integridade das amostras e garantir resultados confiáveis no contexto laboratorial.

Referência: Biochemia Medica: The journal of Croatian Society of Medical Biochemistry and Laboratory Medicine.